D. Afonso Henriques foi muito mais do que o primeiro rei de Portugal – foi o homem que deu vida a uma nação. Corajoso, determinado e com um espírito guerreiro inigualável, liderou batalhas decisivas, enfrentou reis poderosos e até desafiou a própria mãe para conquistar a independência de Portugal.
Em 1139, após a lendária Batalha de Ourique, foi aclamado rei pelos seus homens, dando os primeiros passos do nosso país como reino livre. Ao longo da sua vida, lutou incansavelmente contra os mouros e expandiu o território português.
Para além do guerreiro e fundador da nação, D. Afonso Henriques foi também um homem marcado por profundas convicções pessoais. Filho do conde D. Henrique e de D. Teresa, cresceu num ambiente de poder e tensão, mas desde cedo demonstrou autonomia, força de carácter e espírito indomável.
Casou-se com D. Mafalda de Sabóia, com quem teve vários filhos, garantindo assim a continuidade da nova dinastia portuguesa. Apesar das batalhas e da política, Afonso Henriques manteve sempre uma ligação profunda à fé, à terra e ao povo.
É essa ligação que o traz, no fim da vida, de volta a Coimbra, cidade onde consolidou o seu reino e que escolheu como morada final. Aqui, no Mosteiro de Santa Cruz, rodeado pela serenidade e pelo espírito religioso que tanto valorizava, repousa o rei que fez nascer Portugal.
A origem dos elementos centrais da bandeira portuguesa remonta ao tempo da fundação do reino, no século XII. Segundo a tradição, D. Afonso Henriques, nosso primeiro rei, usava um escudo com uma cruz azul sobre fundo branco, símbolo de fé cristã e da luta contra os mouros.
Mais tarde, terá sobreposto à cruz os besantes (ou “dinheiros”) –pequenos círculos brancos dispostos em cinco escudetes em forma de cruz. Estes representariam, segundo uma interpretação, o direito régio de cunhar moeda, numa clara afirmação de autonomia face ao primo, Afonso VII de Leão e Castela. Outra teoria associa-os ao milagre de Ourique, em que Jesus Cristo teria aparecido a D. Afonso Henriques antes da batalha, prometendo-lhe a vitória. Nesse contexto, os besantes poderiam representar os 30 dinheiros de Judas ou as Cinco Chagas de Cristo – uma leitura mais religiosa e simbólica.
Importa referir que o número de besantes nem sempre foi fixo – chegou a variar por razões estéticas ou práticas. Só mais tarde se estabilizou nos cinco escudetes com cinco pontos cada um, como hoje conhecemos, reforçando a simbologia cristã do novo reino.
A cruz azul, os escudetes e os besantes viriam a influenciar profundamente a identidade visual de Portugal ao longo dos séculos – e continuam a viver na atual bandeira nacional.
Fundado em 1131 pelos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho, o Mosteiro de Santa Cruz é um dos monumentos mais importantes de Portugal. Situado no coração de Coimbra, foi um centro de saber, arte e poder religioso durante séculos, desempenhando um papel fundamental na formação do reino.
O mosteiro recebeu forte apoio de D. Afonso Henriques, que o escolheu como panteão real. Aqui, no interior da igreja, repousa o primeiro rei de Portugal, bem como o seu filho, D. Sancho I. Os seus túmulos, ricamente esculpidos em pedra, foram desenhados no século XVI por Nicolau de Chanterene, sob encomenda de D. Manuel I.
Visitar Santa Cruz é fazer uma viagem ao berço da identidade portuguesa, num espaço onde a espiritualidade e a história se cruzam. E o mais impressionante? Este tesouro nacional encontra-se apenas a poucos passos do nosso alojamento.
Atualmente é possível visitar o interior do mosteiro, que é classificado como panteão nacional. Para além dos túmulos dos dois primeiros reis de Portugal, pode admirar o Museu de Arte Sacra (onde se encontram as relíquias do primeiro santo português, São Teotónio), o belíssimo Claustro do Silêncio, os cadeirais do coro (situados no segundo piso, com vista panorâmica para a igreja) e o impressionante Santuário dos Relicários.
King’s Guest House
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